domingo, 3 de junho de 2012

INTEGRALISMO E CAPITALISMO


Muitos julgam uma contradição o Integralismo afirmar-se anti-capitalista e, ao mesmo tempo, posicionar-se em defesa da propriedade privada. Ora, os que assim raciocinam, na verdade, estão adotando a definição erradíssima de capitalismo dada pelos marxistas.

Como já foi estabelecido pelos Teóricos Integralistas desde os anos 30, o que caracteriza o capitalismo não é a existência da propriedade, mas, o predomínio do capital móvel, do capital financeiro, em português claro, do dinheiro sobre todos os demais elementos da Economia. O dinheiro não é mais um instrumento de cálculo ou medida, nem tampouco simples intermediário das trocas, mas, a própria finalidade de toda produção. Aquele velho esquema, mercadoria → dinheiro → mercadoria é substituído pelo dinheiro → mercadoria → dinheiro.

O capitalismo, na verdade, é o maior inimigo da propriedade privada, destruindo-a gradativamente - através de sua concentração -, como Marx viu claramente (está enunciado até no Manifesto Comunista). Todavia, incoerentemente, Marx, ao invés de levantar-se contra a dissolução da propriedade perpetrada pelo capitalismo, defendeu que tal processo fosse levado as últimas conseqüências, isto é, a extinção definitiva da propriedade. Ora, e por quê? Porque, como disse Plínio Salgado, Marx, em economia, não foi um criador, mas, um mero subordinado à economia burguesa, um continuador de Adam Smith.

Assim, pois assistia razão a Gustavo Barroso quando escreveu: “Capitalismo não é a propriedade. Capitalismo é o regime em que o uso da propriedade se tornou abuso, porque cada indivíduo pode, se tiver dinheiro, especular no sentido de fraudar e oprimir os outros. Capitalismo é o regime em que uso da propriedade se tornou desordenado, porque cada indivíduo pode agir à vontade e produzir sem se preocupar com as necessidades da coletividade, causando o desemprego, as falências, os salários ínfimos e a carestia de vida. Capitalismo é o regime em que um indivíduo ou um grupo de indivíduos pode açambarcar as propriedades dos outros por meio de trustes, cartéis ou monopólios. O capitalismo, portanto, em última análise é um destruidor da propriedade”. E, no parágrafo seguinte, completa: “A propriedade não deve e não pode ser suprimida. Deve e pode ser disciplinada. A propriedade é a projeção do homem no espaço, a garantia da sua velhice e da estabilidade de sua família. A propriedade é legítima quando provem do trabalho honesto e quando empregada no sentido do interesse nacional. Deve ser dada a todos quantos a mereçam sem distinção de classes. A propriedade obtida desonestamente não deve ser mantida. A propriedade empregada em sentido contrário ao interesse nacional deve ser posta nos seus verdadeiros termos. Por isso, o Integralismo só admite o direito de propriedade condicionado pelos deveres do proprietário”. As citações foram extraídas das págs. 135 e 136 do livro “O que o Integralista deve saber” (Rio de Janeiro- Civilização Brasileira - 1935 - 213 págs.). Ainda no mesmo livro (pág. 137), ele diz-nos: “A supremacia do dinheiro é ilegítima. A supremacia dos valores intelectuais e morais é legítima”.

Como assinalou um Secretário Nacional de Doutrina da antiga A.I.B., Miguel Reale, capitalismo é aquela atitude que separa a economia da moral.

Sobre reais ou supostas semelhanças entre a Economia Integralista e os postulados keynesianos, só quero lembrar que: A 1ª ed. da “Teoria Geral”, o principal livro de Keynes, é de 1936. Ora, antes disso, Plínio, Barroso, Reale e outros Escritores Integralistas já haviam abordado a questão econômica e lançado as bases da Economia Nova, a Economia Integralista. Se existem alguns pontos em comum entre as idéias keynesianas e o Integralismo, isto só testemunha a favor da inteligência do economista britânico.

O Capitalismo seja o Privado, seja o de Estado (marxismo-leninismo), não solucionou os problemas econômicos, muito pelo contrário. Mas, obviamente, muitos economistas liberais e marxistas debruçaram-se sobre a questão, buscando soluções dentro do regime econômico que defendiam, salientando-se Keynes (inglês e capitalista) e Kallecky (polonês e comunista). Evidentemente, por mais brilhantes que fossem, sua tarefa estava fadada ao fracasso, pois, para empregar uma imagem corriqueira, estavam querendo enxugar gelo... Só o Integralismo, propondo a substituição do atual modelo econômico por uma Economia Nova e Revolucionária, poderá arrancar o Povo Brasileiro da miséria e pôr fim ás crises econômicas permanentes (periódicas ou cíclicas), que são uma das características inerentes do Capitalismo.

E, como nos agrada ferir a susceptibilidade burguesa, poderíamos até dizer, num sentido amplo, que o Integralismo seria o verdadeiro socialismo, aliás, o único exeqüível. Todavia, esta palavra - socialismo - está totalmente impregnada de referências inconciliáveis com o Ideário Integralista. Mesmo com a 2ª Internacional progressivamente diluindo suas idéias originárias, desmarxistizando-se totalmente, o termo “socialismo” continua carregado de pressupostos ideológicos inaceitáveis para o Integralismo, como o internacionalismo, só para citar um exemplo indiscutível. Na verdade, antes que Marx se apropriasse da palavra “socialismo”, esta designava variadas correntes ideológicas (os “socialistas utópicos”, na expressão de Marx), que já se caracterizavam pela negação da propriedade privada, pelo igualitarismo absoluto, pela anarquia, etc., que também são inadmissíveis pela Doutrina do Integralismo.

O liberalismo econômico, o anarquismo, o socialismo e o comunismo são ideologias do tempo da iluminação a gás, totalmente arcaicas e ultrapassadas em nossa Era Cibernética, e, portanto, incapazes de fornecer soluções corretas e definitivas aos problemas contemporâneos. Só o Integralismo, com o seu Método que correlaciona todos os fenômenos, pode encontrar ou traçar novos rumos para o Brasil e o Mundo.

Autor: Sérgio de Vasconcellos

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