quarta-feira, 4 de julho de 2012

Juros, câmbio e restrição ao crédito reduzem produção industrial do país de 10,5% para 0,3%

A produção industrial brasileira cresceu 0,3% em 2011 na comparação com 2010, ano em que foi registrada uma expansão de 10,5%. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o fraco desempenho no ano passado é resultado da “perda de competitividade frente aos bens importados, a qual se deveu ao elevado custo de se produzir no Brasil e ao câmbio valorizado” e “refletiu o menor vigor da economia brasileira decorrente da elevação da taxa de juros e das medidas macroprudenciais do governo iniciadas já no final de 2010”.
Segundo os números do IBGE, a produção de Bens de capital cresceu 3,0%, a de Bens duráveis caiu 2,0%, a de Bens intermediários aumentou 0,3% a de Bens de consumo semi e não duráveis apresentou retração de 0,2%. Esses índices “mostram que o ‘termômetro’ do setor industrial como um todo, dado pelas atividades do segmento de Bens intermediários, está muito baixo, ou seja, as compras dentro da indústria estão muito fracas – em grande parte isso decorre da importação de bens intermediários”, disse o IEDI.
Alguns setores industriais tiveram resultados positivos: Equipamentos de instrumentação médico-hospitalares, ópticos e outros (11,4%), Outros equipamentos de transporte (8,0%), Minerais não metálicos (3,2%) e Produtos de metal (2,6%). “No entanto, cabe ressalvar que são segmentos cujos produtos são muito específicos (como o primeiro), ou estão ligados ao desempenho do setor agropecuário (como a produção de caminhões no segundo) ou à atividade da construção civil (como o de Minerais não metálicos e o de Produtos de metal)”, destacou o Instituto.
Já os segmentos que são grandes contratantes de mão-de-obra amargaram quedas acentuadas em 2011, como o Têxtil (–14,9%), o de Calçados e artigos de couro (–10,4%), o de Vestuário e acessórios (–4,4%), o de Borracha e plástico (–1,3%) e o de Madeira (–0,9%). “O fato é que o desempenho da indústria em 2011 dependeu mais da evolução dos segmentos produtores de commodities, como os das Indústrias extrativas, cuja produção cresceu 2,1% em 2011, e como os de derivados de petróleo e de celulose e papel. O agravante da evolução da produção em 2011 é que, em qualquer comparação, ela vem desacelerando, ou melhor, vem se retraindo nos últimos trimestres”, ressaltou o IEDI.
A produção industrial no setor eletroeletrônico apresentou uma retração de 0,5%. Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, “o país vive um processo de desindustrialização provocado pelo crescimento desenfreado das importações de produtos acabados”. Ele exemplificou com a elevação de 56% nas importações de equipamentos de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. “Outro segmento que apresentou forte crescimento foi o telecomunicações – cerca de 35% - puxado pelo aumento exorbitante das importações de telefones celulares”, frisou.

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